O número de “actions” criadas nos Estados Unidos chegou, em janeiro deste ano, a mais de 4,2 mil, nas 18 categorias listadas pelo Google Assistente. No Brasil, a quantidade total está na faixa de duas centenas. Pouco ainda para um país que tem no português o segundo idioma mais falado com o assistente de voz e o terceiro no mundo onde o Google Assistente é mais usado no celular.
Sim, certamente um dado que não passa de um traço. Só que a leitura é bem clara, pois dá um sinal de que o brasileiro está aderente à transformação digital, ao mundo da voz cada vez mais presente no seu dia a dia.
“Isso nos dá fortes indícios de que o assistente de voz é útil no país, e que as pessoas têm essa abertura para conversar com a tecnologia”, aponta Marco Oliveira, gerente de Parcerias do Google Assistente.
Aos poucos, a inteligência artificial ocupa espaço na vida das pessoas, sem mesmo que eles percebam que já fazem parte dessa era. Quer um exemplo? As “actions” integradas por grandes marcas de uma série de setores ao Google Assistente, como Bradesco, com a BIA, e a Magazine Luiza.
” A integração das marcas ainda está no começo, mas estamos empolgados com o interesse delas em entrar nesse universo da inteligência artificial e dos assistentes de voz”, destaca Oliveira nesta entrevista exclusiva ao portal NewVoice.ai. Confira!
NewVoice.ai – Qual é o cenário atual do mercado brasileiro para serviços de voz, como os assistentes?
Marco Oliveira – Há 10 anos, estava-se vivendo a transição do desktop para o mobile. As empresas começaram a pensar experiências em seus serviços para um ambiente mobile, para um aparelho que vive conectado com o ser humano. Agora, estamos vivendo uma nova transição, uma nova transformação para a era da inteligência artificial, a era dos assistentes de voz.
NewVoice.ai – Apesar de ainda muito recente, já é possível apontar algumas tendências?
Marco Oliveira – Do ponto de vista do consumidor, é possível enxergar que cada vez mais ele está confortável em conversar com a tecnologia, com seus celulares, enviando mensagens por voz, e fazendo buscas por voz no Google. No ano passado, 20% das buscas foram feitas por interações por voz. Estimativas dizem que, em 2020, esse volume vai subir para 50%. O segundo ponto é a tecnologia, que cada vez mais está entendendo a pessoa em seu idioma natural. A tecnologia está ficando cada vez mais intuitiva e cada vez mais fácil de você conversar.
NewVoice.ai – E como o Google Assistente entra nessa nova transformação para a era da voz?
Marco Oliveira – É nessa linha que foi criado o Google Assistente, pelo qual, por voz, a pessoa consegue fazer algumas perguntas e realizar várias tarefas do dia a dia. Algumas das tarefas estão disponibilizadas no próprio assistente digital pessoal. No começo do ano passado, o Google abriu para que terceiros possam criar “actions” que se integrem com o assistente. É importante realçar que o Google Assistente é uma plataforma aberta, permitindo que qualquer marca crie uma solução por voz integrada a ele.
NewVoice.ai – Como está o uso do Google Assistente no país?
Marco Oliveira – O Brasil é o terceiro país no mundo onde o Google Assistente é mais usado no celular. O português é o segundo idioma mais falado com o Google Assistente. Isso nos dá fortes indícios de que o assistente de voz é útil no país, e que as pessoas têm essa abertura para conversar com a tecnologia.
NewVoice.ai – Por aqui, algumas grandes marcas já desenvolveram “actions” para integração com o Google Assistente. Que sinal isso passa?
Marco Oliveira – O Bradesco, por exemplo, pendurou a BIA – sua solução de inteligência artificial – no Google Assistente, permitindo ao cliente tirar dúvidas sobre alguns serviços. Outro caso é o da Magazine Luiza, no qual o consumidor pode perguntar sobre o status do seu pedido. Alguns veículos integrados ao assistente de voz permitem que o leitor fique sabendo das notícias do dia. A integração das marcas ainda está no começo, mas estamos empolgados com o interesse delas em entrar nesse universo da inteligência artificial e dos assistentes de voz.
NewVoice.ai – Esse trabalho com essas grandes marcas traz que ganhos para o Google Assistente?
Marco Oliveira – Esta é uma ação para integrar e entender o que elas pensam de serviços. Se integrar ao Google Assistente é estar nos celulares das pessoas, sem que elas tenham que baixar um aplicativo ou entrar em um site. Isso é uma transformação. As empresas têm que pensar quais são os serviços mais fáceis para o consumidor consultar ou acessar por um comando de voz. Este é o momento de entender como elas vão se portar nesta era dos assistentes por voz.
NewVoice.ai – Que tipo de empresa tem buscado essa integração?
Marco Oliveira – Estamos vendo empresas de diversas indústrias com interesse de integração com o Google Assistente, que vai desde a Galinha Pintadinha, uma experiência conversacional voltada para crianças com jogos e músicas, ao Bradesco com a BIA, para informações sobre serviços. Tem empresas voltadas para serviços que enxergam o Google Assistente mais como um canal para reduzir custos. A solução varia de indústria para indústria. O ponto importante é tentar entender qual é a experiência por voz que a empresa vai criar para tornar o dia a dia das pessoas um pouco mais eficiente. Então, o Google Assistente tem muito esta pegada de ajudar as pessoas nas suas tarefas do dia a dia, com essas “actions”.
NewVoice.ai – Já dá para avaliar os resultados das “actions” dessas empresas?
Marco Oliveira – Não temos dados se empresas voltadas para um determinado serviço ou outro está sendo bem-sucedida com o assistente. Está tudo no começo ainda, mas estamos muito empolgados com essas grandes marcas se integrando com o Google Assistente. E muito da inovação virá dessas empresas e de outras que vão se integrar ao assistente de voz, que é uma plataforma aberta para qualquer marca.
NewVoice.ai – O Google Assistente tem alguma iniciativa para estimular o desenvolvimento de “actions”?
Marco Oliveira – Como falei, a plataforma está aberta. As empresas têm toda a documentação para desenvolver as “actions” disponível online. Isso é parte da estratégia global do Google. Uma iniciativa é o Google Startups Campus, que criou uma turma de residente voltada para o desenvolvimento de soluções dessa era dos assistentes por voz. São startups que trabalham com essa tecnologia.