VUX nasce para ser empresa brasileira global de voice games

Ao lançar há três meses o voice game Mestre da Bola Tupi, a Benext nem imaginou que estava colocando o pé em um mercado incrível, com alto potencial de crescimento.  O sucesso do jogo de perguntas e respostas sobre futebol na plataforma do Google Assistente, que já reúne cerca de 100 mil jogadores, motivou a criação da VUX Games, a primeira empresa brasileira 100% focada no desenvolvimento de voice games.

A empresa, um spin off que nasceu dentro da Benext, produtora de voice apps com três anos de mercado, dá os primeiros passos de forma ambiciosa: ser um player global com foco exclusivo no mundo dos voice games.

E logo de cara, até o final deste mês, colocará em três mercados – Brasil, Estados Unidos e México, três tradicionais jogos de tabuleiro na plataforma Google Assistente, em três línguas – português, inglês e espanhol: Master, Perfil e Imagem & Ação, com a parceria de conteúdo com a Grow.

“O objetivo é ser uma empresa brasileira global de voice games”, aponta Brunno Gens, Chief Operating Officer da VUX Games, que já nasceu com uma operação estruturada nos Estados Unidos, hoje o principal mercado do segmento. “A gente já nasce com uma visão global de games. E vamos lançar jogos cada vez em mais línguas, pois existem mais mercados para serem explorados”, acrescentou.

A partir daí, a ideia é atingir outros mercados com seus voices games. Em 2021, o roadmap da VUX prevê o lançamento de 15 a 20 novos games. Nesta entrevista exclusiva para o NewVoice, Gens fala mais sobre a estratégia da VUX para colocar sua marca no mundo dos voice games. Confira:

NewVoice – O que motivou a criação da VUX Games?

Brunno Gens – Um caso de uso muito relevante nos assistentes de voz são os voice games, seja nos smart speakers, smartphones ou smart displays, pois é o momento que a pessoa pode interagir de forma muito agradável com a máquina. Como uma spin off da Benext, produtora que já tem o background de três anos na criação de voice apps, percebemos que tinha um espaço para focar 100% no desenvolvimento de voice games. Então, foi uma coisa muito natural criar uma empresa para atuar com esse tipo de aplicativo de voz. Ou seja, buscamos juntar uma oportunidade de mercado, um caso de uso muito relevante e a experiência de três anos da Benext com voice apps.

NewVoice – Essa oportunidade foi despertada por algum jogo desenvolvido pela Benext?

Brunno Gens – Um fato que mudou a nossa trajetória foi o desenvolvimento do Mestre da Bola Tupi, há cerca de três meses, com a Rádio Tupi, que é uma emissora muito popular. O voice game é uma quiz com perguntas e respostas sobre futebol, que já reúne cerca de 100 mil jogadores. A gente percebeu que existia um engajamento muito grande. O voice game usa a tecnologia Interactive Canvas, do Google, que permite uma relação mais amigável quando se usa um dispositivo com tela, como smartphones e smart displays, por utilizar animações e imagens.

NewVoice – Apesar de novata, o que a VUX Games está preparando em termos de novos voice games?

Brunno Gens – Até o final de novembro, vamos lançar mais três voice games em parceria com a Grow, tradicional por seus jogos de tabuleiro, no Brasil, Estados Unidos e México. São os jogos Master, Perfil e Imagem & Ação em três línguas – português, inglês e espanhol no Google Assistente. A VUX é a primeira empresa brasileira, talvez, latino-americana, focada 100% em voice games.

NewVoice – A VUX Games vai lançar agora três jogos de tabuleiro para voz, mas existe um tipo de voice game específico no foco da empresa?

Brunno Gens – Ainda estamos no começo dessa jornada, por isso é natural que jogos que efetivamente prendam a atenção do usuário e, melhor, que funcionem com voz e com voz e tela sejam priorizados. Estamos buscando experiências que funcionem tanto em smart speakers, apenas com voz que a gente chama de interface invisível, quanto em dispositivos com tela, como jogos de perguntas e respostas, storytelling, RPG em que existe uma persona que encaminha o jogo buscando engajar o usuário. Então, estamos atrás de experiências como essas.

NewVoice – Então, qual é o grande lance, ou desafio, de um voice game?

Brunno Gens – A palavra-chave aqui é o engajamento, ou seja, o tempo que o usuário vai ficar ali envolvido, trocando com a máquina, com uma experiência fluida e desafiadora. São jogos mentais, jogos que mexem com o seu raciocínio, que sejam de suspense ou para descobrir alguma coisa, aguçando a competitividade, seja para jogar contra a máquina ou contra outros usuários. Estamos desenvolvendo jogos single players e multiplayers, que as pessoas possam jogar entre si. O próprio Mestre da Bola Tupi vai se tornar um jogo multiplayer, que, em vez de você jogar sozinho, vai poder jogar com o seu time de coração, podendo pontuar para o seu time. Isso aumenta ainda mais o engajamento. Em fevereiro, esse jogo deve ganhar a nova versão.

NewVoice – Como os usuários vão poder jogar esses voice games? Existe alguma forma de monetização?

Brunno Gens – Tanto no mercado norte-americano quanto no latino-americano os voice games têm sempre o conceito freemium e uma gamificação muito forte, em que o usuário pode jogar no modelo gratuito, bastando apenas aceitar o login para fazer parte de um ranking. E evidentemente, para ele jogar mais, ter mais facilidade, para subir no ranking, vão ser vendidos digital goods, que pode ser uma assinatura, uma pergunta a mais ou pular uma questão, por exemplo. Existem várias estratégias.

NewVoice – Vocês também pensam em desenvolver jogos por voz para empresas que queiram trabalhar suas marcas com essa forma de engajamento?

Brunno Gens – Percebemos que isso é muito relevante porque cada vez mais os voice games têm gerado uma coisa que as marcas querem, que é engajamento, o relacionamento e entender a melhor maneira de falar com o consumidor. Quando fazemos um voice app, percebemos que já se cria uma outra relação da marca com o consumidor. O voice game é uma maneira muito inovadora de marketing, uma publicidade mais inteligente, não invasiva, sem interrupção, um canal em que a empresa se envolve com o game de forma natural. Existe um campo incrível de oportunidades para as marcas patrocinarem os voice games. A VUX vai investir muito nisso, principalmente, em 2021.

NewVoice – O que está no roadmap da VUX Games para o próximo ano?

Brunno Gens – A gente já está com um roadmap de 15 a 20 novos voice games, ou seja, praticamente, mais de um jogo por mês no ano que vem, sejam jogos próprios ou licenciados de grandes marcas parceiras para os três mercados. Contratamos alguns roteiristas que fazem filmes para a Netflix e Amazon Prime, para os nossos produtos. Também renovamos com a Grow para lançar outros jogos muito legais para voz. A ideia é ter alguns roteiros de games que façam sentido de serem contados por voz e usando a inteligência artificial do assistente de voz. Então, o desafio é esse.

NewVoice – Como você analisa o mercado de voice games no Brasil e nos Estados Unidos?

Brunno Gens – No mercado latino-americano, o Brasil está na frente, mas evidentemente estamos começando agora. Os primeiros jogos estão saindo, as pessoas usando cada vez mais. É o começo de uma indústria, mas em 2021 deve acelerar. O próprio mercado norte-americano ainda é novo, mas muito mais desenvolvido do que o nosso. As grandes marcas estão olhando para isso, pois existem muitas oportunidades. Agora a gente está vivendo exatamente esse começo. Dá aquele frio na barriga, pois as oportunidades estão aí. Tem o lado empírico de tentar, de buscar acertar, errar atrás da melhor experiência para o usuário. Por isso, nos vemos muito qualificados porque estamos há três anos no mercado desenvolvendo voice apps. Nosso time já sabe desenvolver a relação homem-máquina usando a voz, a inteligência artificial.