Google Assistente testa limites da tecnologia de voz para evoluir

De 2016 quando foi lançado nos Estados Unidos para cá, o Google Assistente percorreu uma trajetória marcante. A plataforma de voz do Google já está presente, por exemplo, em mais de 1 bilhão de dispositivos, dos smartphones ao Nest Audio, que chegou este ano ao Brasil.

E também se encaminha para atingir a marca de 1 bilhão de usuários mensais no mundo. De fato, o Google Assistente cresceu muito rápido em escala global nesses cinco anos. E no Brasil está crescendo muito rápido também.

“O Brasil se posiciona entre os principais mercados. A confirmação disso é a priorização que o país tem com a chegada de novas funcionalidades”, observa Marco Oliveira, Head of Assistant Partnerships LATAM at Google.

Segundo Oliveira, uma das preocupações do time de engenharia do Google Assistente é evoluir em melhorias da qualidade para atender às expectativas dos usuários. Para isso, a empresa tem como objetivo testar os limites da tecnologia de voz, conta ele, como vem fazendo ao expandir seu catálogo de voice games.

“Essa plataforma permite que qualquer empresa ou desenvolvedor crie, seja conteúdo ou serviços, e integrem com o Google Assistente”, diz Oliveira, que vai participar do NewVoice Summit, evento 100% voice first que acontece nesta quinta-feira,  23 de setembro.

Além de participar do painel sobre as estratégias das plataformas de voz para o mercado brasileiro, o executivo do Google conduzirá a entrevista com a keynote speaker Rebecca Nathenson, Director of Product Management, Google Assistant Developer Platform at Google, que fará a abertura do evento falando sobre as tendências e perspectivas para a evolução da tecnologia de voz

Confira os principais trechos da entrevista exclusiva para o NewVoice.

NewVoice – Como o Google Assistente está sendo posicionado no mercado brasileiro?

Marco Oliveira – Dada a relevância do Google Assistente no Brasil, nosso mercado foi priorizado em vários lançamentos, como a funcionalidade para enviar mensagens de áudio de uma forma rápida. Isso é muito útil, por exemplo, quando você está com as mãos ocupadas, dirigindo ou cozinhando e quer mandar uma mensagem. O Brasil foi um dos primeiros mercados a ter a solução. Outro lançamento foi a funcionalidade para reproduzir podcast de forma rápida, seja no smartphone ou no smart speaker.

NewVoice – Como está a evolução do Google Assistente no país?

Marco Oliveira – A nível global, o assistente já está presente em mais de 1 bilhão de dispositivos, incluindo o Nest Mini e novos devices como o Nest Audio que chegou esse ano ao Brasil. Além disso, ele está bem encaminhado para ser um dos próximos produtos do Google a chegar ao número de 1 bilhão de usuários mensais. Realmente, ele cresceu muito rápido nesses últimos cinco anos. E no Brasil está crescendo muito rápido, tendo milhões de brasileiros que usam o assistente. Uma pesquisa recente do Google e da Kantar mostrou que 37% dos entrevistados usam o Google Assistente pelo menos três vezes por semana, sendo que 21% utilizam diariamente. Então, esse é um número muito significante para a gente.

NewVoice – Como tem sido a evolução do Google Assistente?

Marco Oliveira – Nestes últimos anos, a nossa engenharia tem trabalhado muito em melhorias de qualidade para atender às expectativas dos usuários e no acesso a informações confiáveis e aos próprios serviços, seja do Google ou de terceiros. O time de engenharia está muito focado em evoluir na qualidade do assistente para atender seus milhões de usuários.

NewVoice – Em termos de usuários ou uso mensal, como o Brasil se posiciona no ranking do Google?

Marco Oliveira – O Google não fica divulgando esse ranking de forma atualizada. O Brasil se posiciona entre os principais mercados. A confirmação disso é a priorização que o país tem com a chegada dessas funcionalidades. É um mercado muito relevante para a gente.

NewVoice – E o que está sendo feito para reduzir o tempo de novos lançamentos no Brasil?

Marco Oliveira – Tem que olhar o mercado. Existe um trabalho de priorização e também de acompanhamento de tendência para tentar entender o que é relevante para o Brasil e para outros mercados, buscando adaptar e lançar os produtos que fazem mais sentido aqui. Talvez nem tudo que é lançado lá fora faça sentido para o Brasil no mesmo momento. Então, obviamente, que o Google está atento às novidades. O Brasil também tem suas necessidades específicas.

O time de produto e engenharia também tem outros casos de uso que fazem com que as coisas aconteçam primeiro no Brasil ou em paralelo com outros mercados. Durante o último ano, por exemplo, a gente estava preocupado com a pandemia e o nosso principal objetivo foi prover informações úteis e confiáveis. A gente tem acompanhado as tendências no último ano e se adaptado a elas. Então, com a pandemia, as pessoas ficaram mais tempo em casa e criaram uma série de novos hábitos de uso de assistentes de voz.

NewVoice – E o que você pode destacar em termos de novos casos de uso com isso?

Marco Oliveira – O Google tem trabalhado na expansão do catálogo de games. Nesse ponto aí tem muita evolução que está surgindo no Brasil. Essa plataforma permite que qualquer empresa ou desenvolvedor crie, seja conteúdo ou serviços, e integrem com o Google Assistente. Temos visto um movimento muito bom relacionado a games, com muita empresa brasileira criando games e chegando a outros mercados.

NewVoice – Você destacou os voice games como uma inovação. Como analisa o potencial de crescimento desse mercado?

Marco Oliveira – Game sempre foi um tema que ajuda as tecnologias incipientes. Quando surgiram os smartphones, os games vieram testando os limites da nova tecnologia, por exemplo. E agora a gente está vendo esse movimento também com a assistência digital. Hoje você já começa a ver games surgindo com a interatividade, tanto de voz quanto de toque. Os últimos voice games que foram lançados trazem um acompanhamento visual e fazem uso de novas tecnologias, como Interactive Canvas, para trazer essa interatividade visual.

NewVoice  – O que o Google tem feito junto aos desenvolvedores para estimular a criação de novas actions?

Marco Oliveira – A gente acredita que está só no começo dessa revolução da tecnologia de voz e da assistência digital. Temos trabalhado com muitas empresas para testar os limites dessa tecnologia, buscando ver o potencial para trazer ferramentas mais inovadoras. A grande categoria de empresas que está nos ajudando são aquelas realmente de voice games. Por exemplo, temos trabalhado muito próximo com a VUX Studios e a Doppio Games, que estarão no NewVoice Summit, e algumas outras para trazer ferramentas mais inovadoras e mais úteis.

NewVoice – Outra solução, além dos voice games, é o voice commerce. Qual é o espaço para ela se consolidar?

Marco Oliveira – Hoje já dá para fazer transações por voz. A tecnologia está começando a ficar pronta. Você tem inclusive voice games que fazem o uso de assinatura ou de vendas de pequenos itens. Ou seja, já existem empresas fazendo o uso de ferramentas de monetização. Ainda está muito no começo, mas, obviamente, tem muito potencial. Além de as pessoas irem ganhando confiança em novas tecnologias, acho também que precisa ter um trabalho de experiência do usuário. É muito importante que o processo de compra seja prático e útil para o dia a dia das pessoas.