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Assistentes de voz: caminhos para crescer no país

Mercado brasileiro vai ter um aumento das soluções de voz com a disputa entre Google Assistente e Alexa, avaliam especialistas

Muito mais do que reforçar o peso que a Amazon busca dá ao Brasil na sua estratégia de negócios, a chegada da versão da Alexa em português aponta uma tendência que, dia a dia, ganha mais nitidez. Daqui para a frente, o mercado brasileiro vai vivenciar o aumento das soluções e interações por voz, seja para o relacionamento com as marcas, atendimento ao consumidor ou até mesmo para venda de produtos. E, claro, também para o universo da casa inteligente e para facilitar muitas das rotinas diárias das pessoas.

Com a linha Echo de smart speakers e a Alexa falando a nossa língua, a Amazon abre caminho para potencializar o seu e-commerce por aqui, como faz em outros países. Só que, assim como o Google com o seu assistente de voz, precisa moldar uma cultura, dominar o nosso característico regionalismo, dosar bem o preço dos devices para o bolso dos brasileiros e, claro, investir no desenvolvimento de um ecossistema poderoso.

O bom de tudo é que cada vez mais o brasileiro usa a voz para se relacionar com as empresas em muitos dos canais já existentes. “O caminho no Brasil também é a interface de voz ganhar mais relevância pela facilidade de uso. A dúvida é saber com qual velocidade essa adoção vai acontecer”, observa Alexandre Bernardoni, diretor e sócio-fundador da Hi Platform. “O poder aquisitivo impacta, mais o caminho é inevitável, pois as pessoas vão usar”, acrescenta.

Estímulo às interfaces de voz

Apesar de os dispositivos não terem preços baixos, Marcelo Arakaki, sócio-fundador e COO da Blue Lab, avalia que a versão em português da Alexa embarcada nos smart speakers vai estimular o interesse pelo uso dos assistentes de voz. Para ele, a utilização dos assistentes em aparelhos fixos, como os alto-falantes inteligentes, vai incentivar o maior uso da solução em smartphones, com vantagem para o Google Assistente, que vem nativo no Android.

Segundo Rafael Pacheco, evangelista da Take, a parte de voz é, efetivamente, a grande aposta das empresas de tecnologia. Para ele, a abertura da Alexa traz um caminho para estimular o desenvolvimento das interfaces de voz. “Isso fará com que a concorrência aumente e as empresas trabalhem para desenvolver esse tipo de solução”, comenta.

Para Rodrigo Passeira, gerente de Grupo de Produtos & E-Commerce da Wavy Global, o uso da voz como interface vai ser cada vez maior e avançará muito no mercado”. Na sua opinião, o volume de pesquisa e o uso dos assistentes de voz será muito grande, servindo para o usuário acessar uma série de informações e executar tarefas. “Com a evolução da inteligencia artificial, os dois – Google Assistente e Alexa – já têm um percentual de assertividade de 80%”, diz.

Desafios para as plataformas

Obter espaço no mercado brasileiro significa superar desafios. Bernardoni, da Hi Platform, lista pelo menos dois deles: a experiência de uso dos produtos e a linguagem mais informal, junto com o regionalismo, dos brasileiros. “O desafio é interagir com um mercado e uma cultura diferente”, observa o executivo.

O sucesso dessas plataformas no país passa por outro item de peso: a montagem de um ecossistema forte, formado por desenvolvedores e fabricantes de dispositivos que carreguem o Google Assistente ou a Alexa integrados. “É preciso desenvolver esse ecossistema para gerar resultados. Esse é o grande desafio dessas empresas”, aponta Pacheco, da Take.

Amazon versus Google

Como acontece em outros países, principalmente, nos Estados Unidos, por aqui a disputa entre Google e Amazon, promete ser acirrada. Isto porque vender mais devices estará associado à experiência dos usuários com o Google Assistente ou a Alexa. Aí, neste jogo, o e-commerce da Amazon pode ter peso decisivo.

“Nos Estados Unidos, a Amazon tem uma posição dominante, pois chega ao consumidor final mais fácil do que o Google”, diz Bernardoni. “A Amazon é forte em vendas”, completa Pacheco, destacando a força que a empresa tem por trás para vender mais dispositivos dotados da Alexa.

A briga também será travada no campo do conteúdo. No Brasil, a Alexa começou com um número entre 300 e 350 skills. Há mais tempo no país, o Google Assistente, certamente, tem um número de actions maior. Essa informação foi solicitada, mas a empresa não respondeu. Para Arakaki, da Blue Lab, quem tiver mais conteúdo levará vantagem.

“Isso vai estimular o desenvolvimento de interfaces de voz no geral, beneficiando os usuários”, comenta. Ou seja, a venda de devices estará bem associada ao volume de actions ou skills de cada um dos players, uma vez que o consumidor quer viver experiências mais atraentes usando comando de voz, seja para ligar ou apagar as luzes de casa, ou se divertir, ter informações do seu banco ou fazer o pedido de comida.

Mas como diz Arakaki, da Blue Lab, ainda é muito cedo para antecipar resultados. “Só daqui a seis meses será possível ter uma ideia de quem está na frente”, observa.

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