O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um dos agentes envolvidos na elaboração do Plano Nacional de Internet das Coisas (PNIoT), vê um novo horizonte para tirar os projetos da gaveta. Para Carlos Azen, gerente no Departamento de Tecnologia da Comunicação e Comunicações do banco, a aprovação do plano há cerca de três meses, já traz algum impacto perceptível.
“O plano ajuda na medida em que começa a remover barreiras e implementar iniciativas que mobilizem para a massificação das soluções, ajudando a fortalecer e acelerar diversas iniciativas”, observa Azen. Uma deles é o BNDES Pilotos IOT.
Azen explica que o projeto consiste em selecionar pilotos de testes de soluções tecnológicas de IoT para apoio com recursos não reembolsáveis. O valor mínimo do apoio a cada plano é de R$ 1 milhão, com a participação do BNDES podendo chegar a até 50% dos itens financiáveis.
A iniciativa é voltada para os ambientes cidades, saúde e rural. O banco enquadrou 15 projetos, sendo seis de saúde, cinco de cidades e quatro de rural. “É bom termos respaldo do Plano, como banco e como executor de parte dos planos que incluem a aceleração de internet das coisas no Brasil”, avalia Azen.
“O BNDES tem uma expectativa grande que, à medida que esses projetos começam a ser de fato executados, consiga informar a usuários e ofertantes quais são os benefícios do emprego da IoT. Vislumbramos uma aceleração daqui para frente”, analisa.
Para Fabio Biagini, gerente do departamento de Empreendendorismo do BNDES, com a aprovação do plano, algumas das carências do mercado poderão ser supridas. E uma das formas de fazer isso é provendo recursos. O gerente conta que o banco conta com alguns fundos de investimento em participações (FIPs) que tem teses que abrangem a aplicação de IoT.
É o exemplo do Fundo de Coinvestimento Anjo para startups inovadoras, abrindo espaço para micro e pequenas empresas. O fundo foca companhias dos setores de agronegócio, biotecnologia, cidades inteligentes, economia criativa, saúde e tecnologia da informação e comunicação (TIC). Ainda em estágio inicial, o Fip Anjo aportará pelo menos R$ 25 milhões em empresas nascentes com faturamento inferior a R$ 1 milhão.
Segundo o BNDES, na primeira etapa, a expectativa é que o FIP Anjo invista em cerca de 100 startups, aportando entre R$ 100 mil e R$ 500 mil em cada uma. O banco explica que o valor aportado será igual ao captado junto a investidores-anjo ou aceleradora. Esses outros apoiadores, informa o banco, também deverão atuar como mentores dos empreendedores, estimulando melhores práticas de governança e gestão.
A segunda fase de investimentos prevê aportes de até R$ 5 milhões em empresas com receita bruta entre R$ 1 milhão e R$ 16 milhões. A ideia principal é priorizar os recursos para empreendedores envolvidos na primeira etapa. No entanto, explica o BNDES, os recursos podem ser aplicados em novas empresas.
“É a iniciativa mais recente do banco. Com ela, torna-se possível alguém que tenha uma solução com aplicabilidade dentro da política de IoT poder receber recursos para viabilizar o que a gente chama de MVP de mercado”, observa Biagini.
O gerente do BNDES acredita que, com isso, investidores na área de IoT sejam encorajados a apoiarem novos projetos. “Eles olham parques tecnológicos, incubadoras, eventos de empreendedorismo, inovação com olhos mais atentos. Verificando que há aderência, escalabilidade e sentido na solução proposta, podem aportar recursos”, avalia.
Foto: André Telles/Divulgação BNDES – À esquerda, Carlos Azen, e Fabio Biagini