Os principais assistentes de voz utilizados atualmente, como Siri, Alexa e Google Assistente, utilizam vozes sintéticas com uma sonoridade feminina. E por conta disso, pesquisadores estudaram os impactos sociais que o gênero definido desses assistentes pode causar.
A pesquisa traz como destaque entrevistas com usuários trans e não-binários para conhecer suas experiências e necessidades no mundo da voz. De acordo com os autores do estudo, as necessidades dos entrevistados vão além de melhorias na representação. Por exemplo, eles se preocupam também em como o gênero é enquadrado na interpretação da voz.
A pesquisa entrevistou 15 pessoas do grupo LGBTQ+. As perguntas realizadas foram centradas em três principais temas: experiências dos participantes de serem representados pelo Inteligência Artificial (IA), sugestões para o desenvolvimento da IA e preocupações com o papel das IAs de voz.
O relatório confirmou que 13 dos 15 participantes foram contrários à forma como as vozes são representadas. Além disso, 11 entrevistados afirmam que essas vozes não foram feitas pensando neles e propuseram alternativas de representação de voz “sem gênero”.
Com base nisso, os pesquisadores citam o “Q”. Esse projeto buscou desenvolver a “primeira voz não binária do mundo”, como foi anunciado em 2019. No entanto, os autores da pesquisa dizem que pela interface de voz do “Q” não trazer personalidades sonoras, corre o risco de categorizar os gêneros.
Os pesquisadores recomendam que as interfaces de voz tenham um processo participativo desses grupos, para que representem de forma mais fiel as pessoas dos grupos LGBTQ+.
“Considerando as restrições dentro dos contextos comerciais onde esses dispositivos são desenvolvidos atualmente, sugerimos que os pesquisadores e tecnólogos trabalhem para desenvolver VAIs responsáveis pelas comunidades trans. Assim é possível interromper o agravamento das violações de privacidade digital por meio do uso de análise de voz”, disseram os autores.
Fonte: Venture Beat